Lashon hará


Localização na Torá: Parashá Kedoshim.
Vaykra 19:16

Lashon Hará é um termo em hebraico que significa "má língua". Fazer lashon hará significa fazer fofoca, isto é, falar mal de outra pessoa sem que ela esteja presente, mesmo se o que está sendo dito for verdade.
Nós cabalistas afirmamos que a lashon hará é um nível de assassinato, porque você pode literalmente matar a outra pessoa só usando a língua. Em outro nível, pode matar a reputação da pessoa, ou matar um relacionamento ou uma carreira.
Três pessoas são prejudicadas por este ato terrível: a pessoa de quem se fala, quem fala e quem ouve. Sim, porque quem dá ouvidos a lashon hará é tão responsável quanto quem fala.
Falar mal dos outros pode trazer um prazer imediato, mas terá um preço caro. Nós cabalistas ensinamos que ações negativas criam mazicas (nossos demônios pessoais). Quando você fala mal de alguém, os mazicas que a pessoa que você cometeu Lashon hará  são transferidos para você.
Além disso, quando nós falamos mal de outra pessoa todo mérito e toda energia positiva que adquirimos por nossas boas ações são transferidas para  a vítima de sua Lashon hará.
Por isso nós  cabalistas enfatizamos a importância de não se falar e nem se ouvir Lashon hará.
Bom as leis de lashon hará são muito longas para incluir em um artigo. Mesmo assim, vou elencar abaixo um breve resumo de algumas das leis, na maior parte extraídas do Chafetz Chaim ou Rabi Israel Meir Hakohen, mais conhecido como “Chafetz Chaim”, ganhou este nome inspirado no versículo dos Salmos: “Aquele de vocês que deseja vida (chafetz chaim)… guarde sua língua do mal…1
1 – Lashon hará literalmente significa “conversa má”. Isso significa que é proibido falar negativamente sobre outra pessoa, mesmo se for verdadeiro. 2 
2 – Também é proibido repetir qualquer coisa sobre outra pessoa, mesmo que não seja negativo. Isto é chamado rechilut. 3 
3 – É proibido também escutar lashon hará. A pessoa deve repreender quem fala ou, se não for possível, deve afastar-se daquela situação. 4 
4 – Mesmo se alguém já tenha ouvido o lashon hará, é proibido acreditar. Pelo contrário, a pessoa deve sempre julgar o próximo de maneira favorável. 5 
5 – Apesar disso, pode-se suspeitar que a lashon hará é verdadeira, e tomar as precauções necessárias para proteger-se. 6 
6 – É proibido até fazer um movimento que seja pejorativo na direção de alguém. 7 
7 – Não se pode sequer relatar um evento negativo sem usar nomes, se os ouvintes puderem descobrir quem está sendo mencionado.
8 – Em determinadas circunstâncias, como para proteger alguém de danos, é permissível ou até obrigatório partilhar informação negativa. Como há muitos detalhes nesta lei, deve-se consultar um rabino competente para aprender o que pode ser partilhado em qualquer situação específica. 

NOTAS

1 Salmos 34:12-13.
2 Veja Shulchan Aruch Harav, Orach Chaim 156-10.
3 Veja Vayicrá 19:16, e Mishneh Torá, Hilchot De’ot, cap. 7.
4 Para não ser prejudicada, não prejudicar quem fala e de quem se está falando.
5 Ibid., baseado no Talmud, Pessachim 118 a, e comentário de Rashbam ibid. Hamekabel.
6 Talmud, Niddah 61 a. Veja Yirmiyahu, cap. 41, onde é contada a história de como Guedalia não acreditou em lashon hará, e assim permitiu que seus adversários entrassem em seu palácio. Eles terminaram por matá-lo, bem como a maior parte de seus homens.
7 Nas palavras do Rei Shelomô: “Um homem inescrupuloso, um homem de violência, caminha com a boca tora; ele aperta os olhos, balança os pés, aponta com os dedos."
Meu cordial Shalom!

Rav Itzhak Cohen.

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