Tzélem (Imagem) e Demút (Semelhança). A incorporeidade de D’us e a polivalência do termo Imagem (Guia dos perplexos de Maimônides) pelo rabino Itzhak Levy Cohen


Buscando no passado acreditou-se que o termo imagem (Tzélem) em hebraico, significava o contorno (temuná) de uma coisa e o seu aspecto (tôar), algumas filosofias de origem cristã embarcou na crença de Ha’Shem possuía um corpo, levando em consideração o passuk do livro de bereshit da Torá 1:26: “Façamos o homem à nossa imagem, segundo nossa semelhança”. Primeiro vamos desmitificar a filosofia cristã que acha que tinha mais de um deus nessa passagem. O termo “façamos o homem” era um costume de linguagem de reis e grandes personalidades para empregar o plural “majestático” ao falar de si mesmo podemos observar isso em 2 Sh’muel 24:14; mas no Midrash (Bereshit Rabá 8) comenta que D’us conversou com os anjos sobre a conveniência de criar o homem ou não, por isso do termo “façamos” e ai Ele o todo poderoso chama os anjos e diz “façamos”, agora quanto a imagem D’us é incorpóreo e o termo empregado imagem tentarei demostrar o que o Rambam afirma.
Rambam através de seu tratado do Guia dos Perplexos relata que a unicidade verdadeira de D’us, baseia-se no principio da incorporeidade, tudo baseado nas etimologias da língua hebraica, idioma o qual Ha’Shem criou o universo através de sua 22 letras e também a escrita da Torá.
Elucidaremos então os termos imagem (tzélem) e semelhança (demút).
O termo popular de contorno e aspecto próprios do hebraico é tôar (Aspecto) empregado em alguns pessukim do Tanach (Bíblia hebraica) ex: “formoso de aspecto de aparência” (Bereshit 39.6); “que aspecto tem Ele?” (Sh’muel alef 28.14); “com o aspecto dos filhos do rei” (Shofetyim 8.18); e de uma linguística se diz: “delineou-o com giz ... e com o compasso contornou-o” (Yeshay’ahu 44.13). Este termo absolutamente não se aplica a D’us.
Quanto o termo imagem (tzélem), este se aplica à forma natural, ou seja à essência constituitiva de uma coisa, o que ela é em si mesma, sua realidade enquanto ser. No homem trata-se do lugar de onde procede a capacidade de compreensão, e é afirmado sobre a causa desta compreensão: “a imagem de D’us o criou” (Bereshit 1.27)
O que nos faz a imagem de D’us é nossa capacidade mental e não física, pois Ha’Shem não tem forma corpórea e nem tampouco se corporifica, O Infinito/Ein Sof abita na atsmut e nem um preceito humano cabe a Ele, tanto que não se usa o termo tzurá em hebraico para D’us pois este termo significa forma humana. O que temos de D’us em nós é Sua Neshamá Sua Essência, Sua centelha divina, que nos dar a capacidade mental e divina em saber o que é certo e errado.
No que se refere a semelhança (demút), é derivado de damó (raiz do verbo assemelhar-se) e indica, assim, algo semelhante a determinada coisa. Ex: “Nenhuma árvore do jardim de D’us se assemelhava à Sua beleza” (Yeheskel 31.8) em outras palavras semelhança em questão da beleza, não se aplica de forma alguma semelhança de contorno e aspecto mas sim as qualidades de D’us.
O Homem é impar, pelo fato de ser muito diferente naquilo que falta entre os demais seres criados sobre a biosfera, a saber, sua capacidade de compreensão mental, que não tem nada a ver com características físicas, esta tem sido comparada à capacidade de compreensão divina, que não depende de qualquer instrumento (mesmo que não exista semelhança de fato, porém, à primeira vista, só aparente). Diz-se do homem que é assim por causa da mente divina nele colocada, pois ele é à imagem de D’us e à Sua semelhança, e não que D’us seja um corpo dotado de contorno. 
O homem é uma combinação de dois elementos diversos: corpo e alma. A alma é a verdadeira razão de nossa existência. Ainda que oculta a todos, é o que nos faz existir, é nosso "eu" verdadeiro. Transcendente por natureza, é a parte divina de nosso ser, é o Sopro Divino, a imagem e a semelhança que D'us imbuiu em Adão, ao criá-lo.
Para encerrar este artigo algo me preocupou quanto ao livro de Bereshit onde falsas interpretações são colocadas para afirma uma heresia hindu de trindade.
Todo e qualquer hebreu sabe que o termo Elohim é polivalente, pois designa a divindade, os anjos e os governantes. Onkelos, o Prosélito (de abençoada memoria seja e que a paz esteja com ele e com a verdade que esclareceu), sobre Bereshit 3.5: “Porque sabe Elohim que, no dia em que comerdes dele, abrir-se-ão os vossos olhos, e sereis como Elohim, conhecedores do bem e do mal”. Onkelos explicou que a expressão: “sereis como elohim (deuses [senhores], conhecedores do bem e do mal” deve ser entendida como senhores. Por isso traduziu como: “E sereis como senhores”. Agora prezados não entendam que também Adam e Chavá eram irracionais pois D’us os criou a Sua imagem e semelhança (Inteligência, capacidade mental).
O termo Elohim é empregado a divindade quando se trata da forma masculina de D’us agir já YHVH é forma feminina o amor de D’us.
Trataremos isto em um próximo artigo


Rav Itzhak Levy Cohen 

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