Os níveis das neshamot e seus significados reais dentro da língua hebraica



Néfesh, que pode ser traduzida como os poderes instintivos e impulsivos do ser humano, é a parte mais baixa da alma, e é como a Bíblia diz: "(...) porque o sangue é a Néfesh" (Deuteronômio 12:23). 
Isto significa que o sangue é o elemento físico do corpo humano que conecta o mundo da matéria com o espírito. Tirar todo o sangue do corpo provoca a morte. 
O nível de consciência de Néfesh está relacionado com nossas necessidades básicas e instintivo de sobrevivência. Caçar e consumir outros seres vivos para sustentar o nosso corpo; adquirir riquezas físicas e posses para se sentir seguro e protegido; satisfazer desejos luxuriosos, de sexo e de prazer, etc. Moralmente, é, portanto, mais provável que a Néfesh leve uma pessoa a sucumbir a suas fraquezas e cometer pecados. Esses pecados podem ser vistos como atos que prejudicam a pessoa e seu 
companheiro. Poderíamos comparar o termo Néfesh com o termo Anima descrito por Aristóteles, sendo a percepção do eu através dos sentidos (consciência de 
si) e a automoção. Já para Jung, o `anima' e o animus' (masculino e feminino), são descritos como elementos de sua teoria do inconsciente coletivo, um domínio do inconsciente que transcende a psique pessoal.
Ela pode ser entendida como a consciência e o autoconhecimento que uma pessoa tem de ser e de se tornar uma parte do todo. Ela pode estar dormente ou desperta. Cabalisticamente falando, é o Rúach (Espírito), de cima, que desperta a Néfesh. 

O Rúach, traduzido como Espírito, é o próximo nível. É aqui que a pessoa se torna "espiritual". A primeira centelha de consciência espiritual aparece quando o homem faz as perguntas mais básicas: Por que estou vivo? Qual é o sentido da vida? 
Há um propósito para eu viver? Há alguém lá fora olhando para mim? 
Estas questões levam o homem a pensar, contemplar e aspirar pelos estudos superiores de vida; filosofia, astrologia, meditação, sabedoria esotérica, tudo em uma tentativa de desmistificar o mistério de sua própria existência. As respostas estão dentro de nós! O Rúach (Espírito) serve como um intermediário entre a Néfesh e a Neshamá (Alma). Em geral, o Rúach ajuda a Néfesh em sua constante luta para escolher entre o bem e o mal. 
A Neshamá (Alma) é um nível muito alto de consciência que reside no paraíso. Ele não passa pelos ciclos de reencarnação. Ela não sofre os altos e baixos que o corpo atravessa. Ela se conecta com a pessoa uma vez que ela corrigiu os dois primeiros níveis, de Néfesh e Rúach. Os outros dois níveis, Chaiá (Forma Viva) e Iechidá (Unidade) não participaram no pecado de Adão (hebraico Adam), assim, as leis da reencarnação também não se aplicam a eles. Isto nos ensina que as leis da reencarnação surgiram no universo para ajudar o homem corrigir o pecado de Adão. Esta é a origem da palavra Ticun em hebraico, que significa "corrigir". Isso vale embora estas duas partes não estejam inclusas no processo geral do Ticun. 

Néfesh, Rúach, Neshamá, Chaiá e Iechidá [ou em resumo NaRaNCHaI] 
Nós podemos nos perguntar de onde é que os níveis da alma, conhecidos como "luzes", surgiram? 
- As origens dos níveis da alma vêm do infinito, conhecido como Ein Sof. Depois que o Tsimtsum ocorreu, o Receptáculo criado, receptor da Luz do Criador, rejeitou a abundância infinita do Ein Sof e voluntariamente saiu do Infinito. Esta ação causou a descida gradual tanto do Receptáculo como da Luz para a dimensão dos mundos. A descida do Receptáculo causou o aparecimento dos mundos, enquanto que a da Luz, o aparecimento das "Luzes". Para um estudo mais profundo sobre este assunto, é bom consulta o Talmud Esser HaSefirot (Estudo das Dez Emanações Luminosas), do Rabino Iehudá Ashlag, mas se não tiverem poderei explicar depois. E não há dúvidas de que estas partes não possuem esses nomes por acaso. Saibam que as pessoas de fato são o elemento espiritual que fica dentro de um corpo, e o corpo nada mais é do que uma vestimenta para a pessoa real, e não a pessoa em si. 
É por isso que no Zôhar se diz que o homem conecta e une todos os quatro mundos: Emanação (Atsilut), Criação (Beriá), Formação (Ietsirá) e Ação (Assiá), porque nele existem partes de todos estes quatro mundos, sendo que cada uma dessas partes é designada por um dos cinco nomes mencionados anteriormente: NaRaNChaI, )(נרנח'`י) 
Uma pessoa não adquire todos os níveis de sua alma (Neshamá) de uma só vez, mas de acordo com o mérito. Então, primeiro a pessoa recebe o nível mais baixo deles, que é chamado de Néfesh. Depois, se merecer mais, ela também adquire o Rúach. Tudo isso é conforme o que está explicado em algumas partes do Zôhar, como na Porção Semanal de Vaiechi e, parcialmente, na de Terumá; e especialmente no início da Porção Semanal de Mishpatim: "Quando a pessoa nasce, ela recebe uma Néfesh, etc." Bom dito isto, é preciso falar um pouco, de maneira introdutória, sobre essa questão. O tema de Néfesh, Rúach e Neshamá ( נר'`ן- NaRaN), bem como a divisão [da alma] segundo os nossos Sábios, já foi explicado em detalhes no Shaar Hapessukim (Portão dos versículos), quando se falou do versículo "E sua mãe fazia-lhe uma túnica pequena". Isso também foi explicado no Shaar Hamitsvot (Portão dos Preceitos), na Porção Semanal de Vaiechi, quando se falou das leis do luto. E falaremos mais disso mais tarde tudo bem assim? Espero que sim pois estou meio sem tempo.

Saibam, que toda Néfesh é do mundo de Assiá; todo Rúach é do mundo de Ietsirá e toda Neshamá é do mundo de Beriá. No entanto, a maioria das pessoas não tem as cinco partes da alma, chamadas de NaRaNChaI (נרנח'`י), mas apenas a Néfesh, que é de Assiá. No entanto, mesmo nela existem diversos níveis, pois o próprio mundo de Assiá também se divide em cinco Partsufim [Literalmente. "faces". Partsuf significa um Receptáculo completo, constituído por dez Sefirot.] chamados: Arich Anpin (Face Longa), Aba (Pai), Ima (Mãe), Zachar (Pequena Face, Aspecto Masculino) e Nucvá (Aspecto Feminino). Antes de a pessoa ter mérito para poder adquirir seu Rúach, que é do mundo de Ietsirá, ela precisa estar completa em todos os cinco Partsufim da Néfesh, que é de Assiá. E mesmo sabendo que existem pessoas cuja Néfesh é de Malchut de Assiá e outras cuja Néfesh é de Iessód de Assiá, etc., independente disso, cada pessoa tem o dever de corrigir todo o mundo de Assiá, e só depois disso a pessoa consegue receber o seu Rúach, que é de Ietsirá, já que o mundo de Ietsirá é maior do que todo o mundo de Assiá. Isso segue e, portanto, de modo similar, para poder adquirir a Neshamá, que é do mundo de Beriá, a pessoa precisa corrigir todas as partes do seu Rúach, em todo o mundo de Ietsirá. Depois, a pessoa pode receber a Neshamá, que é de Beriá. Não basta retificar apenas o local específico que é a Raiz de sua alma, mas a pessoa tem que corrigir as coisas da maneira mencionada, até ser digna de receber todo o mundo de Assiá, e aí, então, ela pode receber o Rúach de Ietsirá. E desse modo ela segue por todos os mundos. [O Ari explica o princípio da responsabilidade coletiva e mútua que surge na consciência de uma pessoa quando ela se entrega à correção espiritual. É de importância vital transcender a percepção individualista de nosso ser e envolver-se no que está acontecendo em todo o mundo de Assiá, ao qual a nossa Néfesh está conectada. E não se deve pensar que basta corrigir a raiz da Néfesh do indivíduo, ignorando os outros níveis. Esta expansão da consciência é uma preparação para merecer o nível seguinte, que é o Rúach.]

Meu cordial Shalom!
Rav Itzhak Cohen.

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