Nazareth


Nazaré.

A cidade de Nazaré é para o cristianismo um fator muito importante, uma referência supostamente histórica. Nazaré é citada 12 vezes no NT, aqui estão as citações.
"E chegou, e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno." (Mateus 2 : 23)
"E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali;" (Mateus 4:13)
"E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia." (Mateus 21:11)
"E aconteceu naqueles dias que Jesus, tendo ido de Nazaré da Galiléia, foi batizado por João, no Jordão." (Marcos 1:9)
"E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim." (Marcos 10:47)
"E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré," (Lucas 1:26)
"E subiu também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família de Davi)," (Lucas 2:4)
"E, quando acabaram de cumprir tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para a sua cidade de Nazaré." (Lucas 2:39)
"E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava no seu coração todas estas coisas." (Lucas 2:51)
"E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler." (Lucas 4:16)
"Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José." (João 1:45)
"Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele." (Atos 10:38)
De fato, vemos que o NT chama Nazaré de “Cidade”, 4 vezes, em Mateus 2:23, em Lucas 1:26, em Lucas 2:4 e em Lucas 2:39.
Jesus é chamado “Jesus de Nazaré” 3 vezes, em Marcos 10:47, em João 1:45 e em Atos 10:38.
Diante disso, nenhum cristão pode negar a relevância teológica da suposta existência da cidade de Nazaré, é um importante marco no relato do NT.
Nazaré não é uma cidade bíblica, ela não é citada uma única vez no Tanach, e nem também é citada uma única vez no Talmud. Nazaré, em hebraico Natséret, simplesmente não existia na época em que foi escrito o Talmud Bavli e o Talmud Yerushalmi.
De fato, as duas únicas referências extra-bíblicas a Nazaré fazem parte da Estória Eclesiástica de Eusébio de Cesaréia e Jerônimo de Stridon no Onomasticon. O testimonium flavianum não cita a cidade de Nazaré.
A única descoberta arqueológica em que aparece Natséret pela primeira vez é uma inscrição em hebraico, descoberta na cidade de Cesaréia em 1962, datando de por volta do ano 300 d.C., ou seja, o nome Natséret só passou a existir por volta dessa época.
Ou seja, não existia nenhuma cidade de Nazaré na suposta época de Jesus.
Um outro problema é a existência comprovada dos Nazarenos, os Notsrim, já como uma sociedade muito organizada, através do Livro das Regras da Comunidade, em 100 a.C., que pode ser comprovado facilmente acessando o site oficial dos manuscritos do mar morto abaixo. O problema se resolve facilmente da análise do conteúdo do Talmud no tratado Sanhedrin 43 a, o que está escrito lá é o seguinte:
ת"ר חמשה תלמידים היו לו לישו מתאי נקאי נצר ובוני ותודה
Ensinam nossos sábios, haviam 5 alunos de Yeshu, Matai, Nakê, Nêtser, Boni e Todá.
Yeshu, que era um líder helenizante que havia sido capturado no evento que deu origem à festa judaica de Hanucá, quando os Macabeus expulsaram os gregos selêucidas do templo e o purificaram, no dia 25 de kislev do ano 3622 da era judaica, o que corresponde atualmente ao ano 139 a.C., possuía 5 alunos e um deles se chamava Nêtser. É visível que o nome Notsrim vem de Nêtser e não de Natséret, Nazaré, até porque Nazaré não existia.
A hipótese do Mito de Jesus explica facilmente a discrepância entre a existência dos Nazarenos (Notsrim) e a não existência de Nazaré e a proximidade da nomeação da cidade com a data do Concílio de Nicéia e o título “Jesus de Nazaré” evidenciam subsídio à essa hipótese. Constantinus queria deixar bem claro sua marca na patente de sua invenção.
A hipótese do Jesus Histórico (Estórico?) esbarra na inexistência da cidade na suposta época de Jesus e na própria pré-existência dos Nazarenos, porque supostamente alude à cidade a origem do nome dos Nazarenos.

Bibliografia.
• Robinson, Researches, ii. 133-143;
• G. A. Smith, Historical Geography of the Holy Land, pp. 432 et seq.;
• Neubauer, G. T. p. 190.
• B. Bagatti, Excavations in Nazareth
• F. Zindler, The Jesus the Jews Never Knew 
• História e Sociedade na Galileia, 1996
• M. Avi-Yonah. "A List of Priestly Courses from Caesarea." Israel Exploration Journal 12 
• Talmud Bavli, Sanhedrin 43 a
• http://www.deadseascrolls.org.il

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